sexta-feira, 20 de maio de 2011

Petições on-line

Artigo de: Maria do Céu Nogueira (Extraído do Jornal Diário do Minho, 20/04/2011)

Vêm-se tornando um hábito. Aqueles que, com facilidade, navegam na internet e dominam todas as engrenagens tecnológicas, vêm-nas pondo em prática com largas vantagens, devo concordar. Apesar de info-excluída assumida, já tenho conseguido responder a algumas, quando concordo, obviamente.
Sobre a campanha para as legislativas, se fôssemos um povo civilizado e, sobretudo, com bom senso, não seria necessária a petição para que essa campanha se realize a mínimos custos.
Eu até vou mais longe. Campanhas para quê? Para vermos as mesmas caras, ouvirmos as mesmas promessas, constatarmos as andanças pelo país desses cavaleiros da triste figura lutando desesperadamente pelo seu tacho, única coisa que aprenderam a fazer (e mal, diga-se de passagem), porque nunca fizeram mais nada na vida. Se o perdem, engrossam a lista dos desempregados, já que trabalhar não é com eles.
Campanhas para quê? Conhece-mos os rostos, os jeitos e trejeitos, as acusações e os insultos, a falta de vergonha, de pudor, de ética de todos eles. Campanhas para quê, se sabemos que o poder está minado pela corrupção, pelo compadrio, pelos lobys, pelos interesses mesquinhos, pelas mentiras e falcatruas, pelas intrujices, sobretudo, pelo egoísmo dos que só pensam em defender a sua bolsa, sempre bem recheada de dinheiro, de favores, de ajudas para isto e para aquilo, defender os seus carros de luxo, as suas roupas de marca, os seus restaurantes de lagosta, os seus hotéis de luxo, sem jamais pensarem neste pobre e belo país. Campanhas para quê? A menos que, para engrossar o leque apresentado, juntem o sadismo de darem o golpe final.
Outra petição que me surgiu um dia deste diz respeito aos deputados europeus. Se não fosse tão triste, se não golpeasse a alma de quem a tem incólume, daria para rir. Segundo dizem por aí, os nossos deputados ao parlamento europeu, portugueses como nós e por nós pagos nas suas funções, não querem que os seus ordenados e demais mordomias sejam beliscados pela crise que todos os portugueses estão a sentir. Até, segundo ouvi, puseram o problema à votação! Eu fico varada! E então nós, por que não votamos também? Ia ser lindo!
Então estes senhores, por estarem ao serviço do país, como dizem, para servirem o país e o seu povo, como dizem, negam-se a colaborar nesse mesmo serviço de salvação nacional? Não acredito! Deve haver qualquer confusão! E negam-se a viajar em classe turística, quando sabem que é assim que viajamos todos, quando viajamos? Que são ou têm eles mais do que nós?
Eu, que nunca estive nem estarei na política, que graças a Deus, pertenço à classe útil e trabalhadora deste país, saberia resolver o problema da crise com quatro penadas. E não sou eu apenas a saber. Muitos mais o sabem. Até o governo e a oposição. Mas o que acontece é que, nós que sabemos, não podemos fazer nada. Eles que sabem e poderiam, nunca o farão. O que é, ou seria, então? Reduzir os ordenados de toda a classe política bem substancialmente, acabar com hotéis de luxo, restaurantes de lagosta, carros de luxo (um carrito qualquer que andasse, conduzido por eles e com a gasolina paga por eles) acabando assim com toda essa gente que anda à roda deles, que os serve como motoristas, assessores, secretários de assessores, assessores de assessores e secretários de secretários, chefes de gabinetes onde ninguém vai e onde se dormem boas sestas, telemóveis, muitos telemóveis, cada deputado chega a ter meia dúzia de telemóveis, não sei para quê, se só poderá falar num de cada vez.
E depois, para quê tanto deputado? Alguns nunca falaram, nunca disseram chus nem mus, ninguém os conhece. Vão para lá falar ao telefone, saem constantemente, parecem crianças da escola, ou então faltam. Por vezes, a AR tem meia dúzia de gatos pingados e só dois ou três é que falam. Ninguém dá conta disto?
Acho que até o PR poderia ajudar na crise, indo morar para uma casa boa, por certo. Poucas pessoas devem fazer ideia da despesa daquele palácio, todos os dias, durante anos. Enfim, reparem bem, (eis mais uma opinião de uma cidadã livre e com os impostos em dia), os excessos dos nossos políticos poderiam ter evitado a crise, o FMI e tudo o mais que por aí virá. E por hoje, tenho dito.

Sem comentários:

Enviar um comentário