sexta-feira, 20 de maio de 2011

A Política e o Futebol

Crónica de Renato Córdoba
cronicas.up@gmail.com

     A poucas semanas das eleições legislativas, temos constatado através da comunicação social as sucessivas sondagens a revelar que a esmagadora maioria do eleitorado está dividida entre o PS e o PSD, embora haja um crescente percentual de eleitores que ouvem pela primeira com atenção as propostas do CDS-PP. Este último caso é evidentemente um reflexo do trabalho desenvolvido nos últimos anos na Assembleia da República, protagonizado essencialmente pelo Deputado Paulo Portas, que tem-se destacado ainda mais desde que começaram os debates políticos de pré-campanha eleitoral, cujo discurso se diferencia pela perspicácia em que apresenta propostas populistas e ao mesmo tempo coerentes e executáveis, tanto no que diz respeito à governação, bem como no meio que envolve os partidos. Contudo, grandes transformações levam o seu tempo, geralmente longo, portanto, voltemos ao primeiro caso das sondagens sem minimizar a importância e o mérito desse último (visto que seja qual for o resultado, o CDS-PP terá um papel de destaque).
      Acredito na vitória do PSD… Melhor dizendo, acho-a necessária! E por uma simples razão (embora pudesse citar muitas outras): O país necessita de transição política.    O PS teve a sua oportunidade durante seis anos de governação, quando obviamente houveram algumas conquistas, pois seria inadmissível que o governo nada tivesse feito em prol do país durante tanto tempo e com tanto dinheiro da União Europeia e dos contribuintes para gastar como bem entendeu. Mas no plano geral falhou, visto que não teve capacidade para dar resposta à crise financeira que devastou a economia nacional, com consequências nefastas que levaram ao pedido de ajuda internacional já evidenciadas pelas taxas de juros da dívida externa, a decadência dos sectores de produtividade e o elevado e crescente índice de desemprego; e por fim, não foi capaz de evitar uma crise política. Portanto, para elucidar os indecisos, deixo a minha opinião de uma forma muito simples… Portugal é um país cujo desporto nacional é o futebol, onde os adeptos quase sempre tem um palpite formado para o seu clube em função da época, dos jogadores e da equipa técnica, como se cada um fosse um pouco de treinador, árbitro e jogador (o que acho sempre divertido), mas uma coisa todos têm em comum quando constatam que o seu clube está a perder: A necessidade de mudança.
      O País está a perder, isto é um facto. Mas está no “jogo”, e permanecerá sempre. Mas a forma como iremos enfrentar a próxima época é decisiva, cujas conquistas realizadas estão em causa, tanto no plano financeiro, como na saúde, na educação e no trabalho. Sei que faço aqui uma comparação simples diante da complexa situação actual do país, mas não faltam economistas e comentadores políticos com opiniões bem formadas e palavras caras para esclarecer minuciosamente o assunto. Entretanto, bem analisadas as coisas, quando oiço dizerem que os responsáveis por essa tragédia devem permanecer no governo, como se por magia tivessem subitamente se transformado nos salvadores da Pátria, concluo: Discurso mais barato não há!
      O Dr. Pedro Passos Coelho demonstrou que não é um homem do espectáculo, talvez por isso, não tenha alcançado nas sondagem até agora uma maioria absoluta, o que é curioso, porque governar e seduzir a população com discursos emotivos, com ou sem demagogia, são coisas distintas. Aparentemente não se vence eleições apenas com propostas concretas de governo, porque o povo também gosta de «música», e nisto o seu principal opositor se destaca. Mas por enquanto, nada está decidido!         
      Creio que o número de abstenções nas próximas eleições será menor do que constatado nos últimos anos. O país inteiro manterá a respiração em suspenso no dia 05 de Junho. Espero sinceramente que os cidadãos sejam felizes nas suas escolhas. E que nesta nova fase os políticos sejam responsáveis nas suas funções e responsabilizados (em juízo) pelos seus actos; que falem sempre a verdade ao país (o que até aqui aparentemente não tem acontecido) e governem com sabedoria e justiça.
            As maiores virtudes de um grande governante não provêm da sua ideologia política, porque elas são frutos do carácter de um verdadeiro líder.

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